"Nzambi a tu bane nguzu um kukaiela"

sábado, 7 de abril de 2012

Etiópia X Itália


Ao fim de vários anos de tergiversações, durante os quais Menelik comprou, principalmente na França, e na Rússia, grandes quantidades de armas de fogo e anexou, o mais das vezes pela força, Kaffa, Wolamo, Sidamo, Bale, parte de Ogaden, Gofa, Beno, Changul e terras a leste e a oeste de Boran Oromo ("Galla"), a Etiópia finalmente denunciou o tratado de Wuchale, a 12 de fevereiro de 1893. No dia 27 do mesmo mês, Menelik anunciou o fato às potências europeias e, a respeito das pretensões da Itália, em alusão a uma passagem bíblica declarou: "A Etiópia não precisa de ninguém: ela estende as mãos para Deus". Podia permitir-se tal linguagem, já que possuía, na ocasião, 82 mil fuzis e 28 canhões.

Ritorno a Cheren dopo la vittoria di Agordat. 1890
Ascari Eritrea. Ascari Eritrei

A guerra entre italianos e etíopes eclodiu em dezembro de 1894, quando o chefe eritreu Batha Hagos se revoltou contra o domínio italiano. No início de janeiro de 1895, os italianos atacaram o Ras Mangacha, ocupando a maior parte de Tigre. Menelik ordenou a mobilização a 17 de setembro, marchou para o norte com numeroso exército e conquistou importantes vitórias, a 7 de dezembro em Amba Alagi e no fim do ano em Makalle. Os italianos retiraram-se para Adowa, local onde, após alguns meses de trégua, travou-se o combate decisivo.


A situação de Menelik era bastante boa. Podia contar com o apoio dos eritreus, cujo patriotismo fora exacerbado pelo fato de os italianos terem expropriado terras da Eritreia para instalar colonos.

Cavalleria Galla

Os eritreus prontificavam-se a guiar os grupos do imperador e a informá-lo sobre os movimentos do inimigo. Os italianos, em contrapartida, enfrentavam a hostilidade da população e não dispunham sequer de mapas precisos, razão por que andavam constantemente perdidos numa região que lhes era praticamente desconhecida. Não bastasse isso, o exército de Menelik contava com efetivos bem maiores: mais de 100 mil homens armados de fuzis modernos, sem contar os que portavam armas de fogo antigas ou lanças. O inimigo contava com 17 mil homens, sendo 10.596 italianos e os demais eritreus. Sua artilharia era ligeiramente superior à de Menelik: 56 canhões contra 40, o que entretanto não constituía vantagem decisiva.


A batalha de Adowa terminou com estrondosa vitória de Menelik e a derrota total de seus inimigos. Durante os combates morreram 261 oficiais e 2.918 suboficiais italianos, e aproximadamente 2 mil askari (soldados eritreus). Foram dados como desaparecidos 954 soldados italianos; os feridos somavam 470, sem contar 958 askari. No total, mais de 40% do efetivo italiano foram mortos ou feridos, com perda de 11 mil fuzis e de todos os canhões. A derrota foi praticamente completa.

Libéria e Etiópia, 1880-1914: a sobrevivência de dois Estados africanos (Monday B. Akpan)

BOAHEN, A. Adu. (Coord.) 
"História Geral da Africa Vol. VII: A Africa sob dominação colonial, 1880-1935"  
São Paulo: Atica/UNESCO, 1991. p. 283 - 285

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