Nosso
velho militante José Correia Leite, na obra organizada pelo Cuti, expressa bem
o que é a essência do pan africanismo, ao falar que: “... Não pode ter negro – PTB, negro – PT... O negro é um. Ele tem que
ser um indivisível...”.Os quilombos, ao longo dos séculos, foram verdadeiros
exemplos de unidade africana. Desde que o homem branco, covardemente usou todos
os meios necessários, para oprimir de todas as formas as sociedades africanas,
pessoas se levantaram em nome da unidade e solidariedade, entre as irmãs e
irmãos pretos. Seja na Etiópia ou Haiti, seja nos E.U.A. ou Brasil.
“... Continuei a ter problemas de todos os tipos
enquanto tentava desenvolver o tipo de organização nacionalista preta que
queria criar para o afro-americano. Por que nacionalismo preto? Ora, na
sociedade competitiva americana, como pode haver alguma solidariedade
preta-branca antes de haver primeiro uma solidariedade preta? Se estão
lembrados, na minha infância sofri a influência dos ensinamentos nacionalistas
pretos de Marcus Garvey... os quais, segundo me disseram, haviam sido a causa
do assassinato de meu pai. Mesmo quando era um seguidor de Elijah Muhammad, estava
perfeitamente consciente de como as filosofias políticas, econômicas e sociais
dos nacionalistas pretos tinham o poder de incutir nos homens pretos a
dignidade racial, o estímulo e a confiança de que a raça preta precisa
atualmente para deixar de ficar de joelhos, para ficar de pé e erguer a cabeça,
livrar-se dos ferimentos antigos e assumir a posição que lhe cabe".
(Malcolm) - Fragmento do Capitulo Dezenove, 1965. HALEY, Alex.
"Autobiografia de Malcolm X". Editora: Record.
Nascido em 1754, na então colônia britânica de Massachusetts, Paul
Cuffe, foi um quaker, abolicionista e capitão de mar, que dedicou boa parte de
sua vida em campanhas abolicionistas e na “Volta para a África”. Seu pai Kofi,
havia nascido no Reino Ashanti, e foi capturado com dez anos. Sendo levado para
Massachusetts, Kofi foi comprado por John Slocum, um quaker, que
"concedeu" a liberdade a Kofi em meados de 1740. Kofi adotou o nome
Cuffee Slocum. Em 1746 ele se casou com Ruth. Paul foi o sétimo, dos dez filhos
do casal. Cuffee Slocum trabalhou como carpinteiro, agricultor e pescador,
adquiriu uma fazenda e aprendeu a ler e escrever sozinho. Ele faleceu quando
Paul tinha 13 anos.
Por volta de 1778, Paul convenceu seus irmãos e irmãs a
adotarem o nome do pai, Cuffee, como sobrenome. Porém Paul, passou a usar o
sobrenome Cuffe, com apenas uma vogal e. Sua primeira atividade econômica
foi o trabalho agrícola, realizado na fazenda herdada de seu pai. Com 16 anos,
Paul Cuffe adquiriu um navio baleeiro, e mais tarde navios de carga. Ele
criou a primeira escola integrada em Westport, Massachusetts.
Aos 21 anos ele recusou-se a pagar impostos, pois os pretos
não tinham direito de votar. Em 1783 ele se casou com Alice Pequit, com
quem teve sete filhos.
No início do século XIX, Cuffe já havia se tornado um empresário
bem sucedido do ramo da navegação. E não se conformava com o tráfico de
africanos escravizados.
Nessa época, mesmo num período de cativeiro, pessoas como os
presidentes Thomas Jefferson e James Madison acreditavam que o retorno dos
africanos para colônias fora dos E.U.A. era uma solução para a questão racial e
para o processo “civilizatório” do novo país.
A partir de 1807, Cuffe passou a dedicar-se quase que
integralmente na luta contra a escravização. Conduzindo africanos de volta para
a África.
Cuffe juntamente com empresários de origem africana,
fundaram a Sociedade Amigos de Serra Leoa, com o objetivo de promover a
autonomia e a prosperidade dos africanos. Em meados de 1808, Serra Leoa
era uma colônia britânica destinada às pessoas libertas dos tumbeiros que os
britânicos capturavam.
Em 1812, com o conflito entre os E.U.A. e Inglaterra, Cuffe
sofreu embargos e prejuízos. Porém prosseguiu com suas tentativas de levar a independência
política e econômica para Serra Leoa, e posteriormente ele iniciou uma
aproximação com o Haiti. Paul Cuffe faleceu em 7 de setembro de 1817,
imortalizado como um importante símbolo da “Volta para a África”.
"A Etiópia estenderá as mãos para Deus! Bênção,
promessa de glória! Nós depositamos confiança no Senhor e não na força dos
carros e dos cavalos. E, certamente, ao verificar na história do nosso povo
como ele foi preservado em seu país de exílio e como a nossa pátria foi
preservada de invasões, somos forçados a exclamar: sim, até agora o Senhor nos
socorreu". (Edward W. Blyden, educador, diplomata, historiador e
político liberiano, 1862) - Libéria e Etiópia, 1880-1914: a sobrevivência de
dois Estados africanos (Monday
B. Akpan) - BOAHEN, A. Adu. (Coord.). "História Geral da Africa Vol. VII: A
Africa sob dominação colonial, 1880-1935". São Paulo: Atica/UNESCO, 1991.
p. 263
A
Primeira Conferência Pan Africana ocorreu nos dias 23, 24 e 25 de julho de
1900. Foi realizada no salão da Prefeitura de Westminster, em Londres,
Inglaterra. Entre os idealizadores estava o advogado, vereador, escritor,
trinitino, Henry Sylvester Williams, o então Secretário Geral.
A
construção da Primeira Conferência Pan Africana, teve início em 1897, quando
Sylvester Williams, formou a Associação Africana, para combater o paternalismo,
o racismo e o imperialismo. Com o objetivo de cuidar de todos os assuntos dos
africanos. Em 1898 ele se dedicou em tentar reunir representantes da África e
diáspora africana. Sylvester Williams
visitou Birmigham, Manchester, Liverpool, Glasgow, Belfast, Dublin e inúmeros
bairros de Londres. Além de viajar pela Jamaica, E.U.A. e Trinidad.
O principal colaborador de Sylvester
Williams, foi seu amigo Emmanuel Lazare, outro advogado trinitino, que adotou o
nome Emmanuel M’Zumbo. Devido ao orgulho de sua origem africana e em homenagem
ao grande chefe M’Zumbo, do oeste africano.
Em 12 de junho de 1899, ocorreu a
reunião preparatória da conferência. Entre as autoridades presentes, estava o
grande professor Booker Taliaferro Washington. E para Delegado Geral para a
África, foi escolhido o jornalista, haitiano Benito Sylvain, um importante
assessor do imperador Menelik II da Etiópia, que havia lutado na guerra Ítalo-Abissínia.
"Nunca antes se fez tão evidente que vivemos numa
época de uma nova diplomacia, a diplomacia que não leva em conta princípios
fundamentais do direito internacional, do direito natural e da equidade quando
se trata de pequenas nações [...] As grandes potências reúnem-se e partilham os
pequenos Estados sem os consultar; e estes ficam sem defesa, já que não possuem
exército nem marinha que possam responder à força com a força."
Arthur
Barclay, presidente da Libéria, 1907 - Libéria e Etiópia, 1880-1914: a
sobrevivência de dois Estados africanos (Monday B. Akpan) - BOAHEN, A. Adu.
(Coord.). "História Geral da Africa Vol. VII: A Africa sob dominação
colonial, 1880-1935". São Paulo: Atica/UNESCO, 1991. p. 26.
A Primeira Conferência Pan Africana forneceu as bases
para os movimentos organizados que fizeram pressão, e colocaram em prática as
ações que foram fundamentais para o processo de independência dos países
africanos.
“...
No dia seguinte, enquanto esperava o massa terminar a visita a um paciente numa
plantação próxima, Kunta soube por outro cocheiro das últimas notícias a
respeito de Toussaint, um antigo escravo que organizara um grande exército de
rebeldes pretos no Haiti e o comandava com sucesso contra os franceses,
espanhóis e ingleses. Toussaint, disse o cocheiro, aprendera tudo sobre a
guerra lendo livros a respeito de guerreiros antigos famosos, como Alexandre, o
Grande e Júlio César. Os livros tinham sido dados pelo antigo massa dele, a
quem ajudara a fugir do Haiti para os Estados Unidos. Ao longo dos últimos
meses, Toussaint transformara-se num verdadeiro herói para Kunta, logo abaixo
do lendário guerreiro mandinga Sundiata. Kunta mal podia aguardar o momento de
voltar para a plantação e transmitir para os outros a história fascinante ...”.
HALEY, Alex. "Negras Raízes". São Paulo: Círculo do Livro.
Capítulo 66. p. 361
Nós da
União dos Coletivos Pan Africanistas, filhos da amada, sagrada e gloriosa mãe
África; descendentes de Nzumbi, temos
entre nossas principais referências o amor com as irmãs e irmãos pretos, de
Biko; a determinação e luta
incorruptível, de Malcolm; a força e capacidade de organização, de
Garvey, um homem do povo, capaz de conquistar as massas; a coragem, de Yaa
Asantewa; a compreensão e entendimento, de Angela Davis; a capacidade de ação,
de Huey Newton; e a essência do pan africanismo de nosso amado herói Luiz Gama.
“...
Milhões de homens livres... da África, roubados, escravizados, azorragados,
mutilados, arrastados neste país clássico da sagrada liberdade, assassinados
impunemente, sem direitos, sem família, sem pátria... espoliados em seu
trabalho, transformados em máquinas, condenados à luta de todas as horas e
todos os dias... em proveito de especuladores cínicos, de ladrões impudicos, de
salteadores sem nome; que tudo isso sofreram e sofrem, em face de uma sociedade
opulenta, do mais sábio dos monarcas, à luz divina da santa religião católica,
apostólica, romana...”. (Luiz Gama) - Fragmento da carta a Ferreira de
Menezes. De 13 de dezembro de 1880. - Publicada na A Província de São Paulo, de
18 de dezembro de 1880.
(Alaru – U.C.P.A.)
UCPA - 15° ENCONTRO DOS FILHOS DA ÁFRICA
SÁBADO - 12/DEZ/2015 - Local: Casa da Irmã
Rose e Ras Sérgio
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