"Nzambi a tu bane nguzu um kukaiela"

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

AS CONTRIBUIÇÕES DE MALCOLM E GARVEY PARA O PAN-AFRICANISMO (Alaru – U.C.P.A.) – 25/Out/2015

“Nas Antilhas, Cuba, Brasil, Venezuela, por toda a América do Sul e Central. Todas essas terras estão repletas de pessoas com sangue africano!”. (Malcolm)


A trajetória de Malcolm está ligada aos ensinamentos de Garvey. Malcolm, durante boa parte de sua vida foi um revolucionário adormecido. Um profundo conhecedor da filosofia de Marcus Garvey. Seu pai Earl Little, um homem forte, que tinha 1,90 m de altura, atuou como ministro batista, seguidor dos ideais de Garvey.
Os pais de Malcolm foram morar na Filadélfia em 1918, um dos principais redutos da UNIA (Universal Negro Improvement Association – Associação para a Melhoria Universal do Negro). No mesmo ano, Garvey lançou o jornal “Negro World”. Em 1919, Garvey fundou no Harlem a sede internacional, no edifício intitulado Liberty Hall. Em 1920, a UNIA, possuía cerca de 100 mil membros. Em 1930, o número já havia aumentado para 1 milhão.
Em 1921, os Little aceitaram a missão de inaugurar um núcleo da UNIA em Omaha, Nebraska, cidade em que Malcolm viria a nascer em 19 de maio de 1925.
Nesse contexto a K.K.K. renascia no interior dos E.U.A., período também marcado pelo pós guerra, com a chegada de judeus, católicos, asiáticos, etc. Fator que culminou com uma onda de xenofobia.
“Na minha infância sofria a influência dos ensinamentos nacionalistas pretos de Marcus Garvey... os quais haviam sido a causa do assassinato de meu pai”.
Desde que estava na barriga de sua mãe Louise Little, Malcolm sentiu as hostilidades das “boas pessoas brancas cristãs” da K.K.K. As mesmas, que não admitiam que seu pai propagasse as ideias de volta à África, de Marcus Garvey. Uma filosofia capaz de desenvolver, a autoestima nas massas.
Assim como Garvey, Earl Little acreditava que a “liberdade, independência e amor próprio”, jamais seriam alcançados pelos pretos nos E.U.A. Malcolm acreditava que teria uma morte violenta, assim como seu pai e seus tios.
Para Malcolm “os ensinamentos de Marcus Garvey davam uma ênfase especial à necessidade do negro se tornar independente do homem branco”. Segundo ele, o sermão predileto de seu pai era: “aquele trenzinho preto está chegando... e é melhor aprontarem todas as suas coisas!”. Nitidamente um sermão influenciado pela proposta do navio Black Star, de Garvey. Na igreja, Malcolm, sentia-se “confuso e espantado”, porém, a imagem de seu pai, que mais o deixava “orgulhoso era a sua cruzada militante com as palavras de Garvey”. Seu pai fazia os brancos racistas do Sul, ficarem apavorados.
As reuniões da UNIA, que Earl levava Malcolm, eram realizadas, discretamente em “casas de pessoas diferentes”. As mesmas pessoas que pulavam e gritavam na igreja, na reunião agiam de forma centrada, controlada e disciplinada. Ele recordava das frases que ouvia, nas reuniões da UNIA: “Adão expulso do jardim do paraíso para as cavernas da Europa” e “etíopes, despertem!”.
Malcolm, em um breve período elevou a militância, dando sequência aos ideais de Garvey, de uma forma diferenciada, numa verdadeira essência pan-africana. Assim como Garvey, ele era um homem do povo. Empenhado em sua missão. Expressava as angústias e aspirações das massas oprimidas. Assim como nosso amado herói Nzumbi dos Palmares, ele não fazia concessões. Malcolm jamais traiu o povo. Sua lealdade com suas convicções, foram responsáveis, pelo rompimento com Elijah Muhammad, e pelos monitoramentos da CIA e FBI.
Em 1965 Malcolm chegou ao nível pleno, de uma filosofia pan-africana, ele não lutava apenas pela liberdade de 22 milhões de irmãos e irmãs nos E.U.A., na O.U.A.A. (Organização da Unidade Afro-Americana), ele passou a legitimar seu compromisso, por essência, na luta pan-africana. Ele passou a convocar, de forma convicta, pessoas pretas de diferentes religiões, para combater um inimigo comum.

Alaru - U.C.P.A. (União dos Coletivos Pan-Africanistas)
Sankofa: Debate, Basquete e Hip Hop 2015 – 25/Out/2015

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